O paraense Luiz Veiga usou drogas por 28 anos e por mais de uma década morou nas ruas de Belém, depois de perder a família e a imobiliária de que era dono. Depois de se recuperar do vício, ele fundou um centro de recuperação para dependentes químicos.
Veiga contou à BBC Brasil como foi a sua experiência com as drogas: "Sou de uma família ilustre aqui de Belém, e cheguei a ter 140 corretores de imóveis trabalhando para mim aqui no Estado, mas o uso de drogas acabou com tudo e me jogou na sarjeta."
Mas há 21 anos Veiga está livre do vício e há 18 – desde que fundou a comunidade terapêutica Centro Nova Vida – o ex-usuário ajuda outros a se livrarem das drogas.
"A rua hoje é pior ainda do que era no meu tempo. Há drogas novas como esse oxi que infestou nosso Estado", diz.
Segundo ele, 80% dos pacientes do Centro Nova Vida são consumidores do oxi, uma variação mais barata e tóxica do crack.
"É uma droga horrível. Essa mistura de produtos químicos como querosene e gasolina destroem o organismo", diz. "Os usuários também chegam aqui com sérios distúrbios mentais, como delírios e mania de perseguição."
Terapias
Veiga afirma que, no Centro Nova Vida, o tratamento usa apenas terapias cognitivas, motivacionais e comportamentais, sem incluir medicamentos que muitas clínicas usam para amenizar a síndrome de abstinência dos usuários.
"É difícil, mas temos aqui um grupo muito acolhedor e, graças a Deus, tem funcionado. São os próprios residentes, já em fase mais avançada do tratamento, que recebem os novos e os ajudam", conta.
Veiga diz que já tem uma resposta pronta há muitos anos quando é questionado sobre qual a pior droga.
"Sempre digo e sempre vou dizer que a pior droga é aquela que você usa. Não importa se é cigarro, álcool, remédios ou drogas ilegais. A droga que você usa é a droga que vai lhe matar."